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O que as mulheres querem?

O que as mulheres querem?

Sempre que posso, costumo dizer: “relacionar-se afetivamente é uma arte e requer mais que sorte: exige o equilíbrio entre os envolvidos que, minimamente, necessitam ter um ponto em comum: a autoestima”. Por vezes, “mulheres mal amadas” revelam a repetição de alguns modelos infantis, apresentam-se como Cinderelas à espera de seus príncipes, os quais, ocasionalmente, podem vir a transformarem-se em sapos caso tais “princesas” não percebam a tempo que os sapatos por eles ofertados não lhes calçam confortavelmente. E, ao insistirem nessas relações, como no conto de fada original, provavelmente essas mulheres terão que “amputar partes de seus calcanhares ou dedos” para conseguirem manter o idílio por seus parceiros.

 Bem me quer, mal me quer…

 Essa “amputação” representa o abandono da identidade, dos reais desejos dessas mulheres que se adequam aos caprichos e neuroses de seus companheiros. Mas quem são e onde estão essas mulheres? São dinâmicas, inteligentes e independentes economicamente, valentes ante os desafios e quaisquer dificuldades da vida, porém submetem-se aos desejos de seus parceiros, tornando-se atemorizadas, reagindo alternadamente com complacência e agressividade, não reconhecendo-se pela falta coragem em tomar uma atitude e por fim a um ciclo de sofrimento e desamor. Elas estão por aí, no universo das artes, da política, das instituições corporativas, financeiras, acadêmicas ou dentro de suas casas mesmo, insistindo em relações impossíveis, doentias e sem perspectivas.

 Atormentadas pelos homens que as amam mal, muito mal, mesmo assim mantém-se fiéis anos a fio a homens inseguros, fugidios, filhinhos da mamãe, controladores ou clandestinos; transformam-se em adolescentes, bastando que o homem apenas diga: “amo você” e tudo o mais se apaga. O amor romântico como conhecemos hoje é historicamente novo, porque séculos atrás homens e mulheres se uniam para ampliar o patrimônio, gerar uma prole e sobreviver: a questão se “ele ou ela me ama ou não” não era primordial. Hoje, após tantas mudanças sociais, o sofrer por amor se sobressai entre as outras áreas da vida. Embora as mulheres tenham avançado no seu papel social, conquistado mais espaço, independência econômica e física, no que se refere aos afetos, elas continuam as mesmas do século 18. Anseiam por compromisso, mas não ao preço da saúde mental e emocional, tampouco às custas da sua identidade. Por outro lado, os homens atualmente estão fragilizados, assustados diante dessas mudanças, encontram-se perdidos ante seus papéis de amantes, ou provedores ou heróis.

Afinal, o que as mulheres querem?

 Freud perseguiu essa resposta até o final de sua vida, sem sucesso, e eu vou me atrever a respondê-la (as feministas de plantão que me perdoem): “elas querem ser amadas por um único homem-pai-herói”, só isso?!!! O homem representa o amante; o pai simboliza o provedor e protetor e, o herói, o mito do realizador. No fundo, no fundo mesmo (ou no inconsciente), por mais avançadas e moderninhas que sejam, há um aspecto que continua importante para toda mulher: ela quer ser cuidada e protegida por esse homem “triplo” e que seja capaz de se comprometer com ela nesses três aspectos . Quando e se as mulheres (e homens também) se conscientizarem de que isso é um ideal inatingível, provavelmente deixarão de buscar “parceiros problema” que não são capazes nem de uma coisa tampouco de outra. Alguns homens podem se perguntar: “Como posso saber se amo mal minha mulher”? Ora, se ela abre mão de si mesma, o mima demais e cede tanto em seu favor, você não terá a mínima ideia de saber se a está amando mal ou maltratando-a. É papel dessa mulher dizer-lhe: “chega, não é assim e não quero mais isso”. Ambos terão de abandonar o ideal do amor romântico, perfeito, do tipo conto de fada e ”viveram felizes para sempre”. Se conseguirem, haverá menos sofrimento e idealizações. O livro de Michelena não trata de ideais e sim de casos clínicos reais. É bom que se diga que a obra “Mulheres malqueridas” propõe-se a ser um alerta! Não é um livro de conselhos ou autoajuda, porque cada indivíduo, seja homem ou mulher faz, age e dá o seu melhor em cada momento específico de sua vida. Entender-se é uma coisa que acontece de dentro para fora e não de fora para dentro e cada mulher só vai deixar um homem que a maltrata quando recuperar sua autoestima. Esse “poder fazer” depende desse estado de alma e do limite de cada uma.

Saiba como identificar uma mulher mal-amada

Primeiro: ela possui um chavão terrível na cabeça: “ruim com ele, pior sem ele”. Prende-se a um relacionamento que não possui qualquer projeto comum, nem no presente tampouco para o futuro. Ela não compartilha sonhos e adquire o hábito de praticar o “amor de mãe”, trata o parceiro como um bebê e suporta suas picuinhas com altivez maternal. Ao mínimo sorriso dele, ela dá qualquer conflito por encerrado, enchendo-o de beijos e perdões.

 Segundo: submissa, ela se abandona, se dilui no outro e perde os limites de sua própria individualidade e autoestima. No relacionamento, suporta indiferenças, agressões veladas ou explícitas tornando a relação num “liga-desliga”, num termina e reata várias vezes, iludindo-se de que o mais recente retorno será o último e definitivo.

Terceiro: faz o tipo Cinderela, torna-se infantil e dissimulada ao lado do parceiro, perde sua identidade e autonomia não sendo nem expondo quem verdadeiramente é. Suporta sucessivos caprichos e desaforos, suprindo assim sua dose diária, semanal ou quinzenal de maus-tratos.

Quarto: como uma masoquista de plantão, justifica as falhas do parceiro e sofre por isso. Embora ela saiba que ele veio de uma família disfuncional; o trabalho dele é estressante ou quaisquer outros motivos, aceita grosserias, indelicadezas e outros descalabros. Afinal, ela o ama e ele precisa saber disso a qualquer custo afetivo. Amar, para ela, é o mais importante e isso tem a ver com o seu próprio instinto materno.

 Quinto: ela não aprende com os próprios erros. Ao contrário, cometa-os duas, três, várias vezes, porque inteligência emocional serve para quê? Insiste num relacionamento que não lhe traz satisfação (exceto na cama). Mas ela se sente uma heroína, não analisa a situação e sempre irá procurar um homem problema, porque tem a ilusão de que seu amor poderá salvá-lo.

Se você pensou em alguém que se enquadra em pelo menos dois destes cinco itens, lamento. A criatura é uma forte candidata a tornar-se uma mulher mal-amada. Se quiser ajudá-la, o livro pode ser uma boa sugestão para que ela não caia mais nessas situações. Pense nisso.